domingo, 8 de agosto de 2010



Te vejo,
Mesmo que não percebas,
Transpasso sua matéria
E chego quase que tocar sua alma,
Por isso sei bem quem és.
Criança Carente,
Que busca um colo ausente.
Petrificado frente a sensibilidade
Reflexo de sua fraqueza.
Isso lhe incomoda,
Pois estás frente a feminilidade
Desconhecida da sua  sistemática
Forma de ser;
Faz-se ela tão imensa
Que parece-lhe um Tsuname
A te engolir,
Quando as emoções afloram,
E não tens para onde fugir.
Reage agressivamente,
Mesmo que isso lhe faça sucumbir
Não vê que nela
Mora a mansidão de seu ser.
Parece-lhe ela o monstro imaginário,
pronta pra te destruir,
Bastaria aproximar-se
E tudo iria
Fluir,
Com a naturalidade do próprio
Existir.
Pois a integração realizaria
O milagre da transformação,
quando pudesse sentir.


Leila Uzzum

Sawu bona! - Sikhona! Você sabe o que é?


Quando iniciei a faculdade de Direito , a 1ª aula do professor Waldemar Milanez, na matéria formação do Homem Contemporâneo, foi exatamente baseada neste costume relatado abaixo.
Sinto muita saudades dessas aulas, que nos faz tomar consciência da nossa vocação para este mundo,que nos faz sentir como seres humanos cheios de amor reprimido, pedindo para ser expandido, por isso resolvi publica-la aqui, pois já dizia o Poeta: " Recordar é viver." principalmente quando as recordações são boas.
Entre as tribos do norte de Natal, na África do Sul, a saudação mais comum, equivalente ao nosso popular "olá!", é a expressão:

- Sawu bona. Literalmente, significa: -Te vejo.
Um membro da tribo poderia responder:
-Sikhona! (Eu estou aqui!).

O importante é o simbolismo desta troca de cumprimento:
- Até você me ver, eu não existo.
Ou seja: ao me ver, você me faz existir.
Este significado faz parte da cultura ubuntu e, talvez, só faça sentido para aquelas tribos.
Várias são as teorias psicológicas que afirmam a importância do Outro na formação de nossa identidade, de nossa subjetividade.
Nascemos como 'tabula rasa' em termos de linguagem, noção de identidade pessoal e consciência do Eu. Sem o Outro da cultura, sem alguém que nos veja como um semelhante, nada seríamos.
A Psicanálise - principalmente a partir de Jaques Lacan - demonstra que até mesmo o Eu de cada um é uma criação imaginária vinda do Outro, ou seja: é a partir do olhar da mãe (Outro) e dos cuidados de outros seres humanos que nos tornamos igualmente humanos.

Por isso , meus queridos amigos, Sawu bona para todos.