segunda-feira, 30 de agosto de 2010

PALAVRA CRIA A RELAÇÃO


A palavra gera a relação.
E a relação é o sentido da ação,
Então a existência está “entre” dois pólos.
No vazio criativo
Em um lugar além do homem.
A quem do mundo,
Além do Eu
E a quem do Tu.
Numa dialética...
Que cria estruturas mútuas.
Resultado do diálogo
Entre o homem e Deus.
Uma relação que organiza
E nos ajuda a compreender o mundo,
A compreender o que é ser...
E por fim a existência humana.
Assim o diálogo permite a interrogação
A produção de um novo universo.
E interrogar o homem
É abordá-lo em sua totalidade
Segundo sua significação.
É tê-lo como objeto de toda reflexão.
Do que pode o homem fazer,
Do que pode o homem esperar.
Então a resposta revela a descoberta,
Da sua finitude
E da sua participação no infinito
Qualidade que permite o ser
Reconhecer o sentido profundo
Da sua natureza humana.


LEILA S RIBEIRO UZUM

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

OLHAR O MAR


A linha do horizonte une céu e terra,

Este é primeiro pensamento que tenho
Quando posso olhar o mar.
Sentada a sombra de um coqueiro
Que substitui o guarda sol.
Sinto-me pequena perante tanta imensidão.
E claramente percebo que há grande mistério.
Entre a realidade e o imaginário.
Em que a brisa traz cheiros
Traz o aroma da liberdade,
Neste momento singular,
Onde vislumbro a diversidade.
Repleta de matizes e cores,
Aromas e odores,
Que são inconfundíveis,
A quem percorre a estrada da vida,
E guarda na lembrança momentos,
Que possibilitam
O retrocesso no tempo.
Esta visão me permite
A obter nova Ótica dos fatos,
E ajuda-me a escapar,
Da cristalização, da repressão.
Então percebo que  posso surfar,
Nas ondas imensas das emoções,
Que se formam no fundo em mar profundo.
E movidas pelo vento,
Vêem em direção a rebentação,
Para o fragor das ondas
Que quebram na beira da praia
Acalmando-se no instante em que encontra a areia.
Por isso observar o vai e vem constante das águas,
Embala a mente,
Entorpece o pensamento
E me faz adormecer suavemente.
Depois de tanta exaustão e sordidez,
Do transcorrer do tempo,
Sobrepondo-me aos fatos,
Para elevar-me as alturas,
E assim do topo enxergar,
O mundo...
A vida...
A eternidade...
Olhar o mar e ver
O centro de tudo.


Leila S Ribeiro Uzum



sexta-feira, 20 de agosto de 2010

CADA DIA UMA NOVA VIDA



Nas experiências diárias podemos nos encontrar
por várias encruzilhadas.
Basta uma escolha
Para determinar uma direção.
Mas tantas outras
São deixadas para trás.
E ao relembrar as opções.
Resta na mente a questão...
Da eterna dúvida do que teria sido,
Se tivesse escolhido outro caminho.
E ai é que mora o perigo,
O desejo de buscar o que foi abandonado,
De deixar os sentimentos anteriores do passado
Atormentar o que estava estagnado.
Simplesmente por desejar
Experimentar:
A  felicidade mesmo que momentanea,
De quem aprender a amar,
Mas  a ilusão que consome,
Num segundo transforma,
Amor em ódio,
Afeto em raiva,
Segurança em medo.
E num segundo portanto
Se retorna a lucidez
da escolha que se fez,
É neste labirinto 
 que se encontra o caminho...
Arrancando do peito a passione,
De quem por muitas vezes
Busca as quimeras das sensações
Das reações avassaladoras das paixões.
Que são momentaneas
E passam como um tornado...
E  a realidade destrói.
Deixando restos dos castelos
Imersos na areia
Das grandes emoções.
Por isso é preciso destruir o velho hábito,
De encantar-se pelas ilusões.
E  assim em seu lugar desejar algo novo
Que revele uma nova direção,
Um novo caminho.
Pois os sentimentos difíceis continuarão,
dentro de cada um.
Mas ao contrário da reação ,
É possível fazer nova escolha e
Decidir por uma nova ação.
E assim de dia em dia ,
De escolha em escolha,
A cada amanhecer ...
Abre-se a janela da possibilidade
de viver a  cada novo dia,
Uma nova vida!




Leila S Ribeiro Uzum


















quinta-feira, 19 de agosto de 2010

OLHAR

A alma banhada de luz

Reflete o espiritual,
Então vê  uma imagem
Contempla a semente,
Que é orientada por um
Proposito de servir  ao amor 
Em todos os ângulos,
Como manifestação Celeste,
Que busca exclusivamente as riquezas do interior,
E não somente as terrenas.
Então segue um só código  de fraternidade ,
e esquece os julgamentos morais.
Vê a possibilidade da amizade
Onde ela realmente existe,
Vê a possibilidade da solidariedade
Onde ela realmente se manifesta.
Pois o olho natural capta a luz,
Que guia todos os seres em suas ações.
A ALMA, a mente SIMPLES, recebe a sabedoria
Para discernir entre mentira e verdade
Onde a luz do espirito puro guia o homem no caminho do bem.
Os olhos físicos determinam se uma pessoa pode ver, ou não.
A percepção espiritual ou a maldade dos Olhos vem do Coração!
Se o coração espíritualmente está enfermo, a visão  é comprometida.
Então: "Iluminados os olhos do vosso coração" - Ef 1:18.
Veja o bem que transforma o coração,
Pois já disse alguém:
"... O essencial é invisível aos olhos."
Os "olhos espirituais" de uma pessoa são "bons",
Quando o divino e o humano se encontram e interagem.
O olhar do homem natural quando se submete à direção do olhar espiritual,
Gera uma simples visão,
E não dupla!
Pois o indivíduo pleno da Luz ilumina o mundo ao seu redor,
Assim como um candeeiro ilumina a sala toda.

Leila S Ribeiro Uzum



Paisagem


Passarinhos cantam e sobrevoam o céu azul
Que se mostra sorridente,
Feliz pelo sol que nasce,
E que faz tudo que vive contente.
Revela a beleza oculta,
Nas sombras da imensidão do inverno.
Que resfria o corpo, 
E congela a alma,
De quem busca o sorriso perdido,
O amor profincou,
O calor de outrora.
A paisagem consola os olhos
Preenche por momentos o vazio
Dando sentido ao que passou.
Enche de esperança
Aquele que se perdeu no tempo,
E neste exato momento percebe
Que já descansou.
Então refaz-se a criança
Que levanta-se e anda,
E corrento retorna ao caminho
Que havia perdido
E com o perfume das flores
Com a brisa da aurora,
Com o verde que aflora,
Com o colorido do dia,
Novamente se revigora,
Pois percebe que,
Não está sozinho.
É a consciência que expande,
E faz renascer a temperança,
Impulsionando tudo o que vive.


Leila S Ribeiro Uzum

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

É PRECISO PARTICIPAR



São inúmeras as necessidades particulares e coletivas que envolvem as pessoas hoje, de um modo geral. Necessidade de afeto dos familiares, dos amigos, dos colegas de trabalho, dos chefes.
Necessidade de um lar confortável, de ir à praia no final de semana, de comprar algo no shopping ou na feira, de ser reconhecido como uma boa pessoa pelo círculo de amizade e como um bom profissional pelo seu companheiro de trabalho, pelo seu gerente.
 E esta relação de necessidades diante do universo que nos cerca faz parte do íntimo de todos nós. Está na cultura dos que se permitem fazer parte da sociedade globalizada na qual o planeta está mergulhado.
 Numa organização, campo de atuação do meu pensamento hoje,em que posso observar de vários ângulos, óticas diferenciadas da assimilação por indivíduos ricamente distintos, com necessidades e expectativas variadas frente à função e às atividades que se propuseram executar.
 E dentre tantos sentimentos despertados, a auto estima de um funcionário passa a ter relação direta com o retorno obtido dos chefes acerca do desempenho de suas funções. Será que o patrão gostou? Será que estou fazendo certo? Onde será que posso melhorar? Essas e outras perguntas podem ser respondidas utilizando ferramentas aparentemente simples, mas que transformam realidades abstratas em resultados concretos de desenvolvimento humano pessoal e profissional.
A participação do “patrão” nesse processo de descobertas e aprendizagem, deixando de lado a zona de conforto e buscando meios de solucionar problemas, de otimizar recursos humanos e resultados, pode ser a diferença entre reter ou perder talentos, entre se desenvolver ou ser ultrapassado.
A participação ativa dos chefes no desenvolvimento pessoal e profissional dos seus subordinados nem de longe deveria ser uma paixão platônica, visto que deles depende grande parte do fornecimento de recursos fundamentais para o bom desempenho dos funcionários em suas atividades.
Esse comprometimento, que hoje ainda é uma tendência, deveria fazer parte da cultura organizacional desde a elaboração estratégica da missão e da visão, sendo disseminada a todos os funcionários no processo de seleção, no primeiro treinamento e continuamente em cada processo ligado à busca pelos objetivos comuns a todos na empresa.
 A importância dessa relação participativa entre patrão e empregado fica ainda mais evidente quando se questiona quem seria o maior interessado em desenvolver de maneira eficiente as atividades que lhe são atribuídas.
É o colaborador o maior interessado em fazer bem feito. Além das necessidades básicas do ser humano, como alimentação, saúde e moradia, o trabalho alcança ainda necessidades relacionadas a auto estima.
 O reconhecimento dos colegas, familiares e amigos, o desejo  de conquistar novas oportunidades, de se sentir importante e necessário na realidade em que atua.
E diante dessa expectativa, são os chefes que podem confrontar metas com realidade. São eles que devem deter ferramentas para um feedback produtivo, objetivando mudanças favoráveis à organização e ao próprio funcionário. E para auxiliar gerentes, supervisores, patrões de modo geral, são inúmeros os métodos tradicionais e modernos à disposição de uma avaliação de desempenho.
De certo que ao falarmos em avaliação de desempenho participativa, feedback de gerentes para funcionários e vice-versa, tendemos a deixar para segundo plano os métodos mais tradicionais de avaliação. Ainda que muito utilizados pelas empresas, os métodos de escala gráfica, escolha forçada e de incidentes críticos, por exemplo, são caracteristicamente burocráticos, rotineiros e repetitivos.
Deixam de lado algo importante, como as diferentes habilidades e dificuldades únicas de cada indivíduo. Todas as pessoas são diferentes, possuem atributos físicos e mentais diferenciados umas das outras, participam de grupos sociais diferentes, religiões e culturas distintas.
Não podem ser vistas como exemplos de um padrão universal, homogêneo. É tempo de desmistificar a relação entre patrões e empregados, resgatar relações interpessoais e entender que um chefe não o seria se não houvesse subordinado.
 É preciso ainda que esta classe, a dos operários, possa ver em seus gerentes um segundo “pai”, que está ali para gerenciar de forma ética e responsável aquele segundo lar, no qual, na maioria das vezes, passa maior parte de seu tempo.
Os métodos mais modernos de avaliação de desempenho vieram para transformar a cultura do “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Já se começa a perceber a importância de ouvir mais àqueles que são a chamada linha de frente de qualquer organização.
Afinal, são os operários que lidam mais diretamente com os clientes, com as máquinas que produzem os bens a serem vendidos. Eles são a maioria. Reduziu-se o espaço do autoritarismo e da centralização de poder que tanto minimizam as possibilidades de descobrir internamente novas idéias, sugestões criativas e dinâmicas que produzem boas mudanças.
O método de avaliação de desempenho por competências, por exemplo, valoriza as capacidades de cada indivíduo, acrescenta outras, aumenta as que já existem. Estimula o funcionário a se desenvolver, criar, dar sugestões para a melhoria do próprio ambiente de trabalho. Competências conceituais, relacionadas ao conhecimento e ao domínio das informações de que precisa para executar suas tarefas, competências técnicas, voltadas ao domínio de ferramentas específicas de uma dada área de trabalho, e competências interpessoais, ligadas ao importante ato de se comunicar e se relacionar eficazmente com todos ao seu redor, são avaliadas e comunicadas de forma a valorizá-las e direcioná-las rumo ao futuro pessoal e profissional de cada indivíduo avaliado. Juntos, patrões e empregados formam uma equipe, uma família.
É certo que toda mudança provoca resistência, rejeição e incredulidade por parte de algumas pessoas. Mas de maneira alguma isto é justificativa para não mudar, para não abandonar a zona de conforto que nos torna míopes.
Sem a visão participativa e desmistificada dos chefes junto a sua equipe todos saem perdendo. Perdem-se idéias, aliados, funcionários comprometidos, clientes satisfeitos e gerentes e empresários de sucesso.
 Patrões não existem por si só, não se bastam, não se constroem sozinhos. Organizações são famílias, patrões são seus chefes. Mas não basta tão somente sê-los, é preciso sentir que os são, é preciso vestir a camisa, é preciso participar.

Autor Desconhecido

Li este texto em um jornal, e quis compartilhar com os amigos, creio que a reflexão referente as relações de trabalho nos guie para o crescimento.
Tudo é aprendizado, assim como os chefes, também deve cada indivíduo refletir sobre sua conduta, e através do diálogo encontrar o melhor caminho.
Muito embora esse diálogo seja as vezes dificultado, ou impossível, nunca devemos estagnar.
O  objetivo é o crescimento sempre de ambas as partes, de forma que todas as necessidades sejam satisfeitas em todos os aspectos, principalmente quando se Busca a Felicidade sempre.

Leila Uzzum

domingo, 8 de agosto de 2010



Te vejo,
Mesmo que não percebas,
Transpasso sua matéria
E chego quase que tocar sua alma,
Por isso sei bem quem és.
Criança Carente,
Que busca um colo ausente.
Petrificado frente a sensibilidade
Reflexo de sua fraqueza.
Isso lhe incomoda,
Pois estás frente a feminilidade
Desconhecida da sua  sistemática
Forma de ser;
Faz-se ela tão imensa
Que parece-lhe um Tsuname
A te engolir,
Quando as emoções afloram,
E não tens para onde fugir.
Reage agressivamente,
Mesmo que isso lhe faça sucumbir
Não vê que nela
Mora a mansidão de seu ser.
Parece-lhe ela o monstro imaginário,
pronta pra te destruir,
Bastaria aproximar-se
E tudo iria
Fluir,
Com a naturalidade do próprio
Existir.
Pois a integração realizaria
O milagre da transformação,
quando pudesse sentir.


Leila Uzzum

Sawu bona! - Sikhona! Você sabe o que é?


Quando iniciei a faculdade de Direito , a 1ª aula do professor Waldemar Milanez, na matéria formação do Homem Contemporâneo, foi exatamente baseada neste costume relatado abaixo.
Sinto muita saudades dessas aulas, que nos faz tomar consciência da nossa vocação para este mundo,que nos faz sentir como seres humanos cheios de amor reprimido, pedindo para ser expandido, por isso resolvi publica-la aqui, pois já dizia o Poeta: " Recordar é viver." principalmente quando as recordações são boas.
Entre as tribos do norte de Natal, na África do Sul, a saudação mais comum, equivalente ao nosso popular "olá!", é a expressão:

- Sawu bona. Literalmente, significa: -Te vejo.
Um membro da tribo poderia responder:
-Sikhona! (Eu estou aqui!).

O importante é o simbolismo desta troca de cumprimento:
- Até você me ver, eu não existo.
Ou seja: ao me ver, você me faz existir.
Este significado faz parte da cultura ubuntu e, talvez, só faça sentido para aquelas tribos.
Várias são as teorias psicológicas que afirmam a importância do Outro na formação de nossa identidade, de nossa subjetividade.
Nascemos como 'tabula rasa' em termos de linguagem, noção de identidade pessoal e consciência do Eu. Sem o Outro da cultura, sem alguém que nos veja como um semelhante, nada seríamos.
A Psicanálise - principalmente a partir de Jaques Lacan - demonstra que até mesmo o Eu de cada um é uma criação imaginária vinda do Outro, ou seja: é a partir do olhar da mãe (Outro) e dos cuidados de outros seres humanos que nos tornamos igualmente humanos.

Por isso , meus queridos amigos, Sawu bona para todos.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

ANALISTA LIBERTA E CURA ATRAVÉS DO OUVIR







No dia a dia, passamos por situações estressantes, conflitos, desafios e uma série de dificuldades que resultam em ansiedade ou angústia, desde que me formei  Psicanalista há 08 anos , meu maior trabalho  como analista, é olhar para Eu mesma, buscando reequelibrar meu ser perante os fatos da vida,e ajudar aqueles que estão ao meu redor a olhar pra si mesmo.

Porém por mais que conheça , compreenda e exercite a auto análise, as vezes fica difíl encontrar a saida dos labirintos que a vida nos apresenta , como caminhos de crescimento, onde o objetivo é sempre expandir, não o corpo, mas a mente através da consciência.

Respondendo ao questionamento de uma amiga sobre doença e cura, e como  a análise pode ajudar, posso dizer que adoecemos como uma forma paroxistica de liberar o quantum energético acumulado na mente causado por incontados conflitos, sendo a doença uma manifestação, um sinal de algo que não está bem interiormente na mente.
  
Se entendemos por cura o restabelecimento da saúde, podemos dizer que em medicina o objetivo é o retorno a um estado de equilíbrio anterior à doença, compreendendo-se esta como uma perturbação do organismo sadio.

Em psicanálise, lidamos com estruturas psíquicas , com algo que foi paulatinamente construído e arquitetado, na história de vida  do indivíduo.
A proibição do incesto, norma constitutiva da própria condição humana, causa estruturante do corpo erógeno é a base de todos os conflitos na vida afetiva de um ser humano, pedra angular etiológica que desencadeia as neuroses manifestos nos relacionamentos consigo e com os outros, então, podemos falar de cura?

Penso que sim, uma vez que, o indivíduo encontra-se encapsulado em seu corpo erógeno, cheio de sensações que influenciam seu psíquico e a psicanálise lida com este sujeito aprisionado em si mesmo.

O analista  sabe que os sintomas satisfazem o indivíduo, pois  este constitui-se  num sistema onde algo se arranja. Caráter paradoxal que apontou Freud em "Inibições, Sintoma e Ansiedade" (1925) onde, ao mesmo tempo que o sintoma é fonte de satisfação, também angustia. O que leva Lacan a dizer: "até certo ponto é sofrer demais que é a única justificativa de nossa intervenção". (sem. XI p.158) Como o oleiro, o analista constrói um vaso em torno ao vazio.

Portanto curar em psicanálise é levar o indivíduo disposto a se conhecer a dar-se conta de uma história, da sua história ,que irá  mostrar-lhe o quanto ele é o agente de seus próprios avatares, dores e padecimentos.

"Pescar nas águas do inconsciente é algo mais que chegar a conhecer os peixes que habitam um elemento turvo". (Masotta)

Ao analisar um caso de exceção" no livro A Operação Psicanalítica, R.F.Couto diz:

"a análise pode progredir perfeitamente na ignorância de qual é o objeto transferencial".
E citando Pommier prossegue:

"Qualquer saber constituído, seja médico, psicológico, freudiano, lacaniano ou outro, será sempre um obstáculo para escutar um analisante em particular porque oporá seu próprio código de leitura à singularidade de uma palavra (...) A experiência do não-saber ( que nenhuma universidade sanciona) permitir-lhe-á escutar".

O analista não pode prometer a cura,  a felicidade e a harmonia, uma vez que, estas se situam além do princípio do prazer.
O que ele pode prometer é ajudar tanto paciente quanto aqueles que estão ao seu redor a  aclarar seus desejos  e a decifrar o que insiste numa existência.

Isto não significa que o Analista não aceita a particularidade de cada ser,  nem que esteja desprezando as noções de estrutura generalizáveis.

Pois  se não houvesse a generalização, não haveria nada sobre o que se analisar , sendo que as  generalizações nos ajudam a compreender as particularidades de cada um e de muitos grupos.

Para isso estudamos, lemos e discutimos de modo permanente com quem está a nossa frente de modo a compreender a singularidade de seu ser, isso não quer dizer que  seja para enquadrá-lo num rol nominativo.

Pois  aqui há  um grande risco que corre a psicanálise: a má interpretação de seus princípios. Se - como afirmou Lacan na proposição de 9 de outubro - o psicanalista só se autoriza por si mesmo, se não há saber prévio sobre o sujeito, se o silêncio é um grande recurso do analista, parece que não haveria nada a fazer.
É a inércia absoluta.Não se trata disso.

O psicanalista só se autoriza após anos de sua análise própria, a teoria psicanalítica é a base de todo o seu trabalho e o silêncio é um silêncio de saber, não sobre o objeto, mas sobre a importância da regra fundamental que permite ao sujeito associar livremente.

Esta renúncia ao saber é o que chamamos "douta ignorância".

"Ser analista é valer mais quando não se é que quando se é.

É amar na paixão da ignorância

É chegar, sem ser avisado, no lugar da surpresa ou da assombração".

Referencias:


FREUD, S. Ed. Standard Brasileira das Obras Completas de S. Freud [ESB] . R.J., Imago, 1986. Três Ensaios sobre a Sexualidade (1905), vol. VII.


FREUD, S. Ed. Standard Brasileira das Obras Completas de S. Freud [ESB] . R.J., Imago, 1986. A Psicanálise Silvestre (1910) vol. XI.


FREUD, S. Ed. Standard Brasileira das Obras Completas de S. Freud [ESB] . R.J., Imago, 1986. Psicanálise e Psiquiatria (1916-1917), vol. XVI.


FREUD, S. Ed. Standard Brasileira das Obras Completas de S. Freud [ESB] . R.J., Imago, 1986. Sobre o ensino da Psicanálise na Universidade (1919), vol. XVII.

FREUD, S. Ed. Standard Brasileira das Obras Completas de S. Freud [ESB] . R.J., Imago, 1986. A Questão da Análise Leiga (1926) , vol. XX.


HEIDEGGER, M. A Ciência não pensa. Entrevista concedida à TV Alemã ZDF no 80º aniversário. Tradução da Fundação Centro Psicanalítico Argentino.


LACAN, J. O Seminário. Livro 11. R.J., Jorge Zahar,1988.