segunda-feira, 19 de outubro de 2009

GENTE NOVA

Analisar o tema do envelhecimento, através do Conto de Machado de Assis, FILOSOFIA DE UM PAR DE BOTAS, um conto onde o narrador após sua refeição, procura uma praia para fazer digestão, e vê um par de botas gastas , velhas e rasgadas, e imagina um diálogo entre bota direita e esquerda, sobre a história de suas vidas, um debate entre positivo e negativo, e a melhor solução para um final de vida feliz.

E relacionando o conto com a Obra de Arte de Van Gogh a tela AS BOTAS DE ALDEÃ, fui meditando para responder algumas questões como :

Velho ou experiente? O que é preciso para ser velho? Podemos rejuvenescer envelhecendo?

O motivador dessa reflexão se deu com a experiência de entrar e apreciar pedacinho por pedacinho a exposição “ Mas... este capítulo não é sério” de Machado de Assis no museu da Língua Portuguesa no ano de 2008.

Senti-me como se estivesse entrando dentro de um livro a própria bibliografia da história de vida do autor.

E cada passo reservava-me uma página de cultura, descoberta e nova visão, um percurso que me fez enxergar o mundo com os olhos do próprio Machado de Assis.

Assim como sua personagem mais famosa Capitu de Dom Casmurro , Machado nos atrai para dentro de uma aventura espetacular , e nos arrasta pelas ondas de suas obras , de forma mágica, mexendo com o psicológico que descreve a sociedade do Rio de Janeiro como se fosse o mundo inteiro .

Esta viagem resultou numa curiosidade particular em querer saber por que havia um par de tênis All Star na exposição, o que tinha uma coisa a ver com a outra?

O conto Filosofia de um par de Botas não esta explicito na exposição, mas implícita na imagem curiosa que me fez buscar ir em busca de respostas para minha curiosidade foi quando deparei-me com este conto que utilizei para elaborar minha tese , que será analisado, sob a ótica da filosofia de Platão e Sócrates sobre à análise do envelhecimento.

Desenvolvendo uma reflexão a respeito dos ciclos da vida como processo de transformação embasados na Alquimia antiga.

Pesquisando e querendo saber como Machado de Assis, havia chegado a questão dos temas psicológicos discutidos em toda sua obra, descobri que ele era um profundo pesquisador da literatura e que buscou em Gastão de Bachelard Filósofo que escreveu:” O Espírito Científico”, livro em que ele disserta sobre o pensamento científico direcionado para "construções" mais metafóricas que reais, e para "espaços de configuração", dos quais o espaço sensível não passa, de um pobre exemplo.

Para ele o papel da matemática na física contemporânea estaria representado pela física quântica que su­pera , de modo singular, a simples descrição geométrica, e passa a ter o homem como co-criador da sua realidade.

Através da capacidade de integrar o pensamento e sentimento conforme sua escolha, realizar seu sonho e mudar sua realidade.

Baseado na Bio-Alquimia, que diz: você é aquilo que pensa e sente, jargão que responde a questão mais duvidosa do começo, podemos concluir que é possível envelhecer rejuvenescendo.

Assim como no conto de Machado de Assis , na Obra de Arte de Van Gogh e na Música Sapato Velho do conjunto Roupa Nova a esperança , o movimento e o sentimento de acolhimento e aceitação, e a crença de que se é útil para o mundo , o ancião encontra a pedra filosofal.

A Sabedoria, o faz ser integrado a sociedade num processo alquímico de troca de experiências .

Juventude e anciões misturam-se e rejuvenescem uma sociedade com o aumento da perspectiva de vida do pessoal da terceira idade, ou seja, melhor idade, numa mistura que é a perspectiva da GENTE NOVA que está surgindo no mundo, dando origem a um novo tipo de sociedade voltada para a fraternidade.

Leila Uzzum