quarta-feira, 29 de julho de 2009

SOCIEDADE EM PEDAÇOS


A ociosidade faz nosso pensamento divagar, e analisando a produção diária de uma violência exacerbada expressa em nossa sociedade, que hoje ultrapassa os limites da compreensão humana, expressa na Sociedade que se encontra Doente e por isso Pedaços.
Digo isso porque, as pessoas preferem por culpar governos , economia, políticos , polícia e leis, porém esquecem que o poder delegado ao Estado foi concedido por elas mesmos, quando desejaram proteção e garantia de seus direitos , submetendo-se as regras para que os conflitos de interesses fossem solucionados por este poder superior.
Muitos na verdade não se lembram , ou melhor, não tem consciência ou compreensão de sua própria responsabilidade na escolha do tipo de poder a que tem de se submeter quando inferioriza-se sob o título de Sociedade.
Essa escolha que com o tempo foi desenvolvendo no povo uma percepção invertida da realidade das pessoas, das coisas, dos fatos, dos atos , do mundo e de si mesmo.
Se essa percepção é invertida , existe uma disfunção que precisa ser sanada ou corrigida, pois ela desencadeia doenças sem fim...
Então perguntei-me: _ Se a sociedade está doente, existe cura para essa doença?
Para encontrar a cura é necessário estudar meios para tornar sã ou curar esta sociedade, descobrindo as causas da visão distorcida e mudando as escolhas dessa sociedade.
Se pensarmos sociologicamente deveríamos analisar a influência do sociedade no indivíduo, se pensarmos psicanaliticamente deveríamos analisar a influência do indivíduo na sociedade.
Mesmo com focos diferentes podemos chegar a conclusão de que a doença da sociedade tem origem nas desigualdades sociais.
Desigualdades essas que criam revoltas, dando chance para que as pessoas adoeçam e tornem-se delinquentes, que atacam seu corpo social chamado Sociedade.
Os extremos então se chocam na projeção do espelho, doentes no poder e delinquentes na sociedade.
Então o que fazer?
Analisando podemos encontrar dois tipos de patologia interagindo no mundo, a Patologia individual e a Patologia social, de forma que ambas precisam ser tratadas.
Para o indivíduo indicamos a psicoterapia, mas para a Sociedade o que seria indicado?
Uma Socioterapia? Mas como?
Assistindo o horror terrorista, e refletindo analiticamente, entendo que ele seja um reflexo externo social do reflexo interno individual, manifesto como mecanismo de projeção.
O terrorismo reflete na pessoa o horror que ela própria tem do terrorismo interno, que são ideias internas autodestrutivas.
O que explica a atitude de muitos homens e mulheres se sujeitarem a exercer tal papel, na expressão máxima de sua neurose Suicida.
Tomar consciência do problema interno refletido no externo é primordial para que os indivíduos ou povos se protejam de si mesmos.
Destruir o outro é livrar-se de algo que não está no outro, mas em si mesmo.Então a única solução para a autodestruição é a conscientização individual e nacional.
Conscientizar-se dos problemas que existem e resolver de forma pacífica os problemas através do diálogo, até chegar a acordos baseados em ética e Justiça, é a melhor saída.
Uma nova maneira de descobrir o grau da doença individual e social para buscar uma existência melhor.
A atual organização social está levando a humanidade para a destruição.
Faz-se urgente cérebros pensantes, indivíduos inteligentes e humanizados, que possam ajudar-nos sobreviver a está fase atual imprimindo expressão de valores intelectuais para a preservação e restauração da humanidade no mundo.
Contudo há que se ter consciência que, quanto mais saudável a pessoa, mais ela será agredida pela sociedade.
E quanto mais doente o indivíduo for mais a sociedade sofrerá.
A patologia individual é perigosa, porém a patologia social é responsável por todos os problemas da humanidade.
A vida pulsa numa fome absurda de correção da sociedade, para o descarte do inútil, fútil e vampiresco, a fim de iniciar um novo desenvolvimento, transformando esta organização social que dia após dia produz pessoas neuróticas, que na pressão constante chegam aos limites da psicose que mata sem pena nem piedade todo aquele que o impede de viver.
Se existisse uma estrutura social sadia não haveria necessidade de tantas Leis e regulamentos.
Estudando o Direito, podemos nos perguntar:- qual o sentido de tantas leis, regras e regulamentos?
Eles são utilizados para crescimento ou defesa? Já que as contendas são conflitos de interesses desencadeadores de guerras sem fim. Então analisando as leis e estudando as doutrinas descobrimos que as leis por vezes escondem ou abrigam intenções que podem nem sempre ser revelados, com uma hermenêutica esclarecedora reservada à poucos.
Uma parte defensiva de seus direitos outra cobradora de obrigações, numa relação contratual nem sempre justa.
Na visão das casas , prédios , comércios e tudo que forma uma cidade, vemos os privilegiados se protegerem atrás de grades e câmeras, enquanto os menos privilegiados taxados como perigosos, o que nem sempre é verdade.
Grupos diferentes que entram em choque numa tensão de energias que tornam-se destrutivas nessa relação de ataque e defesa.
Ações e reações incutidas pelas questões culturais, oriundas da educação que reprime e recalca os impulsos negativos, ao invés de torná-los conscientes para serem utilizados de forma positiva em favor da criação.
Até porque tanto a educação familiar quanto a escolar esquecem da importância de ensinar os seres desde pequenos a lidarem com seus sentimentos considerados negativos.
E ao impor a repressão desses sentimentos, criam a divisão da personalidade indicando o prognóstico negativo da patologia individual que visivelmente está refletida no meio social.
A separação daqueles que são governados dos que governam as sociedades, evidencia a existência do que podemos chamar de Sociopatologia, doença psicológica da Sociedade.
Mas Como conscientizar uma sociedade quanto as causas de sua patologia, para poder corrigi-la?
Simples! Basta compreender que se Governo é o reflexo externo do indivíduo interno, a mudança só ocorrerá com a mudança de cada indivíduo internamente que, mudará pouco a pouco os espaços ao seu redor, e o que iniciou em si, se expandirá para o todo.
Pois, se nada for feito, a começar por si, o problema social virá fatalmente a eliminar a vida humana no contínuo ato de destruição de si e por consequência do Planeta.
Seria então a consumação do Instinto de morte , no caráter suicida de uma sociedade doente?
 
Por Leila S Ribeiro Uzum