sábado, 15 de junho de 2013

A JUVENTUDE DESPERTA O PAIS DA LETARGIA E VAI EM BUSCA DE SUAS DEMANDAS



Esta semana foi marcada por movimentos, que há muito não se via em nosso país, ouvi muitos dizerem por ai, que tudo na passava de baderna, arruaça, confusão.                                
Porém penso que a vida e os acontecimentos sejam mais complexos do que nos são apresentado, principalmente pela mídia, que manipula a mente da massa, para alcançar interesses particulares, individuais e comerciais.                                                                              
Antes de julgar um fato pelo que é mostrado na TV, há a necessidade de avaliação da situação de forma impessoal, observando todos os lados.                                                                      
Um líder religioso já dizia que as palavras têm poder, trazem consigo juízos de valor, visões de mundo e intenções políticas. Por isso, o que é filmado, editado e mostrado pelas nossas mídias merece análise e seleção.                                                                                              
Não dá para taxar  os movimentos que se avolumam em São Paulo e em outras partes do país, contestando o aumento das tarifas do transporte público, como expressão de anarquia, posto que o interesse neste caso é deslegitimar, este fenômeno que assistimos, com a volta das grandes manifestações de rua, que estavam em baixa em nosso país nos últimos anos, por conta de uma passividade excessiva, fundamentada no capitalismo que escraviza, na desvalorização da educação que idiotiza e recalca os  cidadãos a uma expressão infantilizada do individualismo, onde a expressão maior é “Cada um por si e Deus por todos”.
Vislumbramos em várias reportagens um discurso midiático, que apenas se preocupa com os impactos no trânsito e a interrupção do fluxo, de automóveis, sobretudo, um discurso que coaduna com o discurso das autoridades, como se o espaço público fosse local apenas para uma coisa: o deslocamento ordenado entre dois espaços privados. Da casa para o trabalho e do trabalho para casa.
Ou, no máximo, para o espaço privado das compras, numa cidade pacífica e ordeira, sem pensar que este espaço comum pode e deve ser o local da discussão dos temas e problemas que são comuns a todos, como a mais pura expressão da Democracia.
No entanto há ainda o discurso da classe média tradicional, eivada de pré-julgamentos e precipitação, ou até mesmo de negligência em procurar entender do que se trata.
Para eles resta  o discurso de que estes movimentos nada mais são que a manifestação de rebeldia de um bando de filhinhos de papai desocupados, eventualmente maconheiros ou manipulados por partidos políticos, que novamente só querem o que? Fazer baderna, arruaça, confusão.
Percebe-se, portanto, que os discursos se casam, fechando um círculo, sem explicar  o que está acontecendo.
De tudo isso a única certeza que se tem, se é que existe alguma, é que ninguém sabe muito bem o que está acontecendo, nem os movimentos que convocam as marchas, nem as autoridades, nem a imprensa, nem os intelectuais.
Porém é preciso prestar atenção no que está se passando, posto que, a juventude, brasileira e a internacional, tem e sempre terá suas demandas, e estão compreendendo que a democracia talvez esteja completamente dominada, pelos grandes interesses privados, fortes e hábeis em fazer lobbies junto ao sistema político para garantir seus próprios interesses, antes e acima do restante da sociedade.
É óbvio que não se pode falar de uma geração como um todo, mas talvez estejamos assistindo ao surgimento de uma população de milhões de jovens, a nível mundial, que não apenas descreem de grandes utopias igualitárias, mas descreem também dos partidos políticos, da mídia tradicional e dos grandes interesses privados.
Talvez uma parcela importante da juventude que não almeja pra si o futuro pacato e tranquilo prometido pelo Mercado, em cujo horizonte os jovens seriam nada além de consumidores e colaboradores, este termo oco com o qual as empresas passaram a se referir aos seus funcionários de alguns anos para cá.                                                                                 
Engana-se quem pensa que o que estamos vendo estes dias, seja motivado exclusivamente por R$ 0,20 a mais na tarifa do transporte.                                                                                 
A juventude descobriu a liberdade e a horizontalidade da internet, e agora quer experimentar isso na política também.                                                                                                            
Pois eles usam as redes, mas estão nas ruas. E o Estado, diante disso, só tem duas opções: ou reprime com violência ou se abre para o diálogo. Qual será que ele irá escolher?

Leila Sl Ribeiro Uzum