sexta-feira, 23 de abril de 2010

PERDAS E GANHOS






Refletindo, e inspirada pelo livro de Judith Viorst concluí que, no curso de nossa vida, abandonamos muito do que amamos e somos abandonados também.
Perdemos e pagamos o preço  para viver.
Sendo estas percas  fonte de grande parte do nosso crescimento e dos nossos ganhos.
Ao trilhar o caminho do nosso nascimento até a morte, passaremos pela dor de renunciar, renunciar e renunciar a uma parte do que amamos.



E seremos provados em nossa resistência ao enfrentar nossas perdas necessárias.


Para  entender como essas perdas se ligam aos nossos ganhos.


Pois, ao deixar a beatífica união total mãe-filho e cruzar as fronteiras imprecisas do mundo, transformamo-nos em um eu separado, consciente e único, trocando a ilusão de proteção absoluta e segurança absoluta pelas triunfantes ansiedade de caminhar sozinhos neste caminho ingrime, cheio de pedras e espenhos.


E ao aceitar a limitação do proibido e do impossível, tornamo-nos um eu adulto, moral e responsável , pois descobrimos que dentro dos limites impostos pela necessidade existe a nossa liberdade de escolha.


Então acabamos renunciado às nossas expectativas impossíveis, e nos tornamos um eu amorosamente ligado, renunciando a visões ideais de amizade perfeita, casamento perfeito, filhos e família perfeitos, em favor das doces imperfeições dos relacionamentos completamente humanos exercitando o amor incondicional.


E enfrentando as muitas perdas trazidas pelo tempo e pela morte, tornamo-nos um eu que chora e se adapta dia após dia, encontrando em cada estágio - até o último suspiro - oportunidade para transformações  vivas e criativas.


Assim vejo o desenvolvimento como uma série de perdas necessárias durante toda a vida -mas as  perdas também trazem  ganhos subseqüentes ,  por isso deparo constantemente com a convergência dos opostos na vivência humana.
Descobri que muito pouco pode ser definido em termos de "este ou aquele. Descobri que a resposta à pergunta: "É isto ou aquilo?" geralmente é : "Ambos". 

Que amamos e odiamos a mesma pessoa.


Que a mesma pessoa - nós, por exemplo - é boa ou má ao mesmo tempo.


Que embora sejamos impulsionados por forças além do nosso controle e do nosso conhecimento, somos também autores ativos do nosso destino, quando nos concientizamos e fazemos escolhas.


E que, embora o curso da nossa vida seja marcado por repetições e continuidade, é também extremamente aberto a mudanças a todo momento.


Pois é verdade que enquanto vivemos podemos repetir sem cessar os padrões estabelecidos na infância.
É verdade  que o presente é definitivamente moldado pelo passado.
Mas é verdade, também, que as circunstâncias de cada estágio de desenvolvimento podem nos fazer reexaminar antigas disposições.
 E não há dúvida de que o discernimento, em qualquer idade, pode evitar que cantemos novamente as mesmas tristes canções.


Assim, embora as primeiras experiências sejam decisivas, algumas decisões podem ser modificadas.
Não podemos compreender nossa história em termos de continuidade ou de mudança. Devemos incluir ambas.


E só podemos compreender nossa história reconhecendo que ela é feita de realidades externas e internas.
Pois o que chamamos de nossas "experiências"inclui não só o que nos acontece no mundo externo, mas também nossa interpretação dos acontecimentos.
Um beijo não é só um beijo - pode ser uma doce intimidade; pode ser uma intrusão ofensiva. Pode até ser apenas uma fantasia de nossa mente.
 Cada um tem a resposta interior para os fatos externos da vida. Devemos incluir os dois.


Outra relação de opostos combinados que tende a se misturar com a vida real é a de natureza e criação. Pois aquilo que trazemos para o mundo - nossas qualidades inatas, nossos "dados constitucionais"- interage com a criação que recebemos.
Não se pode ver o desenvolvimento em termos só de ambiente ou só de hereditariedade. Ambos devem ser considerados.


Quanto a nossas perdas e ganhos, já vimos que freqüentemente se misturam.
As duras penas compreendi que para crescer, temos de renunciar a muita coisa. Pois não se pode amar profundamente alguma coisa sem se tornar vulnerável a perda.
E não se pode ser um indivíduo separado, responsável, com conexões e pensante, sem alguma perda, alguma desistência, alguma renuncia.

Refletir sobre estas perdas  nos permite aceitar e modelar melhor os fatos do nosso dia a dia, de toda nossa história de vida.
Portanto  perceber com nossas perdas moldaram e moldam nossas vidas, nos torna autônomos para começar a partir do hoje a construção de  uma vida mais promissora e Feliz.

Se tivéssemos consciência que na vida perderíamos tanto, talvez nunca tivéssemos nascido.